Muito se discute a essência do marketing e o balanço da sua componente tradicional versus digital, como se apenas de comunicação ou distribuição estivéssemos a falar.

Na verdade, há uma componente estratégica que muitas vezes é ignorada e poucas vezes revisitada aquando do desenvolvimento das acções de comunicação. Vemos campanhas contraditórias com aquilo que são as propostas de valor das marcas, da mesma forma que vemos o posicionamento de algumas marcas serem fustigados pela necessidade de vender a todo o custo, com argumentos que contrariam a imagem que outrora pretenderam valorizar.

Mas, centrando-nos na temática da comunicação, actualmente, é inegável que se denota uma transferência de orientação dos investimentos em comunicação digital em desfavor da tradicional, como se de vasos comunicantes se tratassem.

O ano de 2017, o mercado português registou um acréscimo de investimento em publicidade na ordem dos 5%, prosseguindo uma linha ténue de crescimento desde 2013 e atingindo 567 milhões €. É verdade que este valor, se comparado com o mais alto de sempre (807 milhões € em 2007) evidencia a tendência para a procura de alternativas mais eficazes para a penetração ou reforço da marca no mercado, seja através do investimento no trade, força de vendas, passa palavra ou em eventos.

Nesta linha de raciocínio há, todavia, um tipo de investimento em comunicação que se destaca: o digital. Se, em 2012, era algo praticamente irrelevante nos orçamentos das empresas portuguesas, neste momento regista valores próximos dos 117 milhões €, com uma taxa de crescimento face a 2016 de perto de 17%.

Ainda longe dos valores afectos à comunicação em televisão, que cresce a um ritmo de fase de maturidade, e que tenderá a manter-se, a comunicação digital é a razão que explica o crescimento mais acentuado. Longe de estar estabilizado, o investimento no digital tenderá a crescer, sobretudo quando os resultados sobre o retorno dos investimentos justificarem obter melhor performance que os tradicionais. Refira-se que o meio que mais perde continua a ser a imprensa, que em 2007 registava investimentos de cerca de 200 milhões € e agora de cinge a 36 milhões €.

Concentrando-nos no tema da comunicação digital, 2018 conhecerá ou reforçará algumas tendências:

1 – O content marketing sairá reforçado, pois tem provado obter registos de retorno de investimento assinaláveis e superiores à comunicação tradicional. Isto significa que apesar do Snapchat ter sido a revelação de 2017, as outras redes sociais (Facebook, Instagram ou WhatsApp) continuam a ser relevantes. Não se trata, pois, de opções mutuamente exclusivas, mas agregadoras.

2 – O vídeo ganhará uma expressão de crescimento exponencial. O retorno das acções de comunicação assentes neste formato tem vido a revelar-se como mais eficazes em quase 150% se comparadas apenas com imagens ou texto. O vídeo traz realidade à marca, ao evento, à fábrica, ao ponto de venda e aos testemunhos.

3 – A realidade virtual marcará um dos pontos diferenciadores da comunicação. É esta forma de comunicação que permite a interacção com o público-alvo e, como tal, a retenção. Em 2018 prevê-se que existam perto de 170 milhões de utilizadores. O Youtube e Vimeo serão responsáveis pela forma como a comunicação 360º irá interagir com o mercado. https://www.youtube.com/watch?list=PLpjK416fmKwR1ZzsYe777CeO3RFTlQ1pJ&time_continue=173&v=10YBJx18BPI. E esta será uma alternativa eficaz e impactante para as marcas e empresas que não dispõem de grandes recursos para comunicar, permitindo-nos conhecer “novos mundos”.

4 – As plataformas digitais serão o novo “Eu Sei Tudo”. Através da nossa jornada diária pelas redes sociais, filtraremos o qua nos é mais conveniente, dando sinais constantes às plataformas de qual é a nossa forma ideal de vida, de consumo, etc… Saberemos a todo o momento qual é o café da nossa preferência que está mais próximo, a que distância estamos dos pontos de venda mais apreciados e quais as suas novidades, entrado no mundo dos chatbots – https://www.meltwater.com/za/blog/chatbots-marketing-why-you-should-care/, nos quais os robotscomandarão a forma de interagir com as marcas.

É verdade que é este o caminho que estamos a percorrer até chegar ao velho desafio conhecido como Marketing One-to-One. Nunca foi possível lá chegar, mas nunca estivemos tão perto.

Published On: Janeiro 26, 2018 /