A entrada num novo ano suscita sempre uma reflexão sobre o que se passou e o que pode vir a acontecer a breve prazo.

As novas tecnologias, e em particular a inteligência artificial e a bioengenharia, contribuirão largamente para a mudança do mundo tal e qual o conhecemos. Desta forma, passarão a ser inúteis inúmeros postos de trabalho, designadamente aqueles que serão comandados à distância e por via electrónica, ao mesmo tempo que se formarão elites cada vez mais poderosas, que terão acesso a toda a informação disponível, acerca de praticamente tudo e todos.

O primeiro impacto dessa realidade é que isso pode gerar desigualdades sem precedentes. Entre classes sociais e entre países. A luta incessante entre a China e os EUA pelo controlo do 5G a curto prazo e da inteligência artificial a médio prazo é o melhor dos exemplos dessa disputa pelo domínio do controlo do mundo. E para já, no que diz respeito ao 5G, a China parece levar vantagem através da Huawei, que superou a Ericsson apesar dos constrangimentos colocados pelos EUA. Será, pois, curioso acompanhar o crescimento das vendas de smartphones das marcas Huawei, Oppo, Xiaomi e Vivo, entre outras chinesas, comparativamente à Apple, Samsung, etc…

Fruto desta disputa, que papel ocuparão os países que não criam directamente valor no mercado? Se por via da inteligência artificial, passar a ser mais barato produzir bens de consumo em países ricos, em que posição ficarão os países em vias de desenvolvimento cuja principal fonte de riqueza advém do fornecimento de mão de obra e matéria prima das grandes economias?

Por outro lado, a evolução tecnológica, para além dos benefícios directos de facilitação do nosso dia a dia, pode obrigar-nos a caminhar no sentido de desenvolver competências diferenciadoras em diversos domínios, como a criatividade, o desporto, a ciência ou a sustentabilidade. E isso moldará as profissões do futuro, no qual, em muitas situações a tecnologia resolverá problemas e processos de forma mais competente que os humanos. Mas apenas e só quando prevalecer a consciência.

Todavia, há um perigo maior. Se já hoje somos monitorizados sobre o que dizemos e fazemos, fruto da nossa relação com as redes sociais e plataforma de compra, amanhã sê-lo-emos pelo que pensamos. Ora isso transforma o poder de influência em algo que pode gerar cenários muito indesejáveis, como o controlo da vontade. Significa isto que a inteligência artificial tenderá a entender-nos melhor do que nós próprios, prevendo as nossas decisões e até manipulá-las.

Independentemente dos cenários futuros, haverá uma discussão crescente entre o poder da inteligência versus o da consciência e sobre qual irá prevalecer perante situações limite.

Sendo certo que os computadores serão cada vez mais inteligentes, mas aos quais ainda se lhes desconhece consciência. Essa reside em que os manipula.

Bom Ano!

 

in www.executiva.pt/blogues/proximo-episodio-combate-da-consciencia-inteligencia

Published On: Janeiro 3, 2020 /