O sector da saúde, designadamente aquele que respeita à indústria farmacêutica e todo o mercado a jusante, encontra-se em perfeita revolução, por força de um conjunto de impactos externos e internos que têm contribuído para formatar um novo mercado, necessariamente mais criterioso nos custos e mais diferenciado e criativo na geração de proveitos.

Basta que pensemos na política do medicamento e no efeito, a breve prazo, que terá a passagem de medicamentos de marca a genéricos, abarcando uma percentagem significativa de casos de perda de patente. Ora, a passagem a produtos genéricos pressupõe uma quebra de preço de venda ao público que pode rondar os 50%.

E se a indústria farmacêutica, tal como os distribuidores, já há muito reúnem profissionais com competências e hábitos de gestão, capazes de lidar com as perturbações do mercado, operando reestruturações, fusões e reengenharias de gestão, o mesmo não ocorre com a generalidade das farmácias.

Na verdade, uma farmácia concentra 75% a 80% das suas vendas em Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM), os tais que sofrerão um impacto significativo na redução do preço. Trata-se de um choque que impacta directamente nas vendas, mas que não permite reduzir custos, uma vez que esta situação não provoca diminuição no número de utentes que visitam as farmácias (bem pelo contrário). E se não impacta nos custos, significa que, ao contrário da indústria e da distribuição, as farmácias não podem (devem) reduzir o número de colaboradores ou emagrecer na sua estrutura de funcionamento.

O desafio é, pois, imenso. Projectando-se uma redução directa de cerca de 25% do volume de negócios actual, sem o respectivo emagrecimento em custos, as farmácias terão de saber agir de forma diferenciada, criando valor para os seus clientes. A redução de preços e a procura incessante de promoções apenas agravará a já debilitada margem de manobra na gestão dos seus produtos.

O caminho da diferenciação na oferta, as políticas de marketing atractivas e a inovação em serviços específicos são algumas das saídas possíveis. Nunca foi tão importante analisar o perfil e comportamento dos consumidores, medir os resultados da actividade comercial, saber negociar com fornecedores, avaliar impactos de campanhas promocionais, etc… É um mercado que precisa de ser reinventado.

Talvez, por isso, se assista à chegada recente de muitos intervenientes no mundo da farmácia que se especializaram em outras áreas.

Hoje é essencial que os cursos de licenciatura em farmácia produzam bons gestores.

 

Livro Recomendado: Pharmacy Management, Leadership, Marketing and Finance, de Marie A. Chisholm-Burns , Allison M. Vaillancourt , Marv Shepherd

 

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Published On: Dezembro 7, 2011 /