Muito se tem falado de Steve Jobs nos últimos tempos por força do seu desaparecimento e, sobretudo, pelo que significou a sua passagem pela Apple, onde conseguir “mudar a forma como se vê o mundo”. Constituiu a verdadeira prova de que a sensibilidade de um bom homem de marketing pode não ser infalível mas também não é para ser jogada fora. Constitui um verdadeiro exemplo do significado de “Atitude de Marketing” e ao qual dediquei muitos artigos.
Jeff Bezos é um outro exemplo e a Amazon uma grande marca. Este artigo é sobre ambos.
Desafiando Steve Jobs e a Apple, Jeff Bezos tem liderado uma das empresas mais lucrativas da última década, que regista invejáveis taxas de crescimento de vendas, apesar da sua já poderosa dimensão. Nos últimos 5 anos volume de negócios da Amazon foi o seguinte, em mil milhões de dólares: em 2006, 10,7; em 2007, 14,8; em 2008, 19,2; em 2009, 24,5 e em 2010, 34,2.
Para 2011 projecta-se um volume de negócios perto dos 50 mil milhões de dólares. Impressionante.
Dando sequência a esta estratégia de sucesso, recentemente foi lançado o grande rival do Ipad, o Kindle Fire, ao preço de 199 dólares. Nas palavras de Bezos, “o que estamos a fazer é a lançar um produto Premium a um preço não-Premium”, destacando assim a grande vantagem competitiva desta solução.
É verdade que o Kindle Fire tem limitações face ao Ipad, como a ausência de camera ou microfone ou a ausência de conectividade 3G. A grande questão que se coloca é a de saber se se trata de um produto incompleto ou se há uma razão para que assim seja.
De facto, o Kindle Fire tem a possibilidade se ser guardado no bolso do casaco e, sobretudo, é mais apropriado para os segmentos mais juvenis ou infantis, para quem o Ipad é quase um produto de ostentação, por se tratar de “um objecto de arte” e também pelo preço inerente.
O pensamento estratégico da Amazon está claro e o posicionamento do produto mais ainda. “Nós não pensamos no Kindle como um produto, nem como um tablet. O Kindle constitui um serviço” – refere Bezos, para quem toda a estratégia está assente nos conteúdos que podem ser incluídos no Kindle Fire e disponibilizados num local privilegiado: a Amazon.
Entre o que irá facturar com os Kindle Fire e o que facturará de acréscimo com downloads de músicas, livros e filmes, etc.. não haverá comparação. É nos conteúdos que está o core business e o Kindle Fire é o “carrinho de compras”. O números actuais dizem que 40% da facturação da Amazon provém dos conteúdos disponíveis no site e com o lançamento do Kindle este número tenderá a aumentar claramente. É por esta razão que lhe é permitido operar com preços de combate no lançamento do Kindle Fire. De facto, todo o acréscimo de vendas assenta praticamente no mesmo acréscimo de margem, uma vez que os custos são diminutos e apenas variáveis.
À semelhança da Apple, a Amazon partilha a mesma cultura, o mesmo pioneirismo e acima de tudo a preocupação de estar permanentemente orientada para os clientes.
São duas empresas que partilham a mesma escada do sucesso. Por degraus diferentes.
Livro recomendado: Social Marketing to the Business Customer de Eileen Brown
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