Já aqui referi que se tem assistido a um turbilhão de processos de fusão e aquisição de empresas em múltiplos mercados, com particular destaque para a indústria automóvel, aviação, farmacêutica, retalho, mídia ou telecomunicações.
As vantagens decorrentes da liderança de qualquer mercado, designadamente o poder da manipulação de preços, o fomento de sinergias, a capacidade de endividamento e investimento em tecnologia e esforço de marketing, para controlo da cadeia de valor, tem gerado uma obsessiva procura pela posição cimeira.
Enquanto a Amazon não acelera caminho para o controlo da grande maioria dos mercados, mencionados, vão-se registando movimentos significativos em mercados importantes, como é o caso das telecomunicações, avaliado em cerca de 1,5 biliões de dólares, e que vem mantendo uma relação de proximidade enorme com o mercado de mídia, avaliado em mais de 600 mil milhões de dólares.
Hoje, temos o seguinte cenário: a Deutsche Telecom detém 62% da T-Mobile, que é neste momento a 3.ª marca nos EUA e está avaliada em 55 mil milhões de dólares. Ora a T- Mobile pretende comprar a Sprint (através de uma quarta tentativa) por 26 mil milhões de dólares, marca que neste momento está na 4ª posição no mercado norte-americano e é detida pela Softbank (conglomerado japonês de internet e telecomunicações), em 83%.
Ainda assim, a maior aquisição de sempre pertence à Vodafone quando comprou a Mannesman. A líder de mercado é a Verizon, que resulta duma joint venturecom a Vodafone, com 116 milhões de clientes e perto de 45 mil milhões de dólares de volume de negócios, seguida pela AT&T com 93 milhões de clientes. Se houver luz verde para a operação T-Mobile + Sprint, o número de clientes resultantes da fusão ascenderá a 100 milhões e ascenderá à 2ª posição.
Mas tudo isto acontece no preciso momento em que a AT&T consegue finalmente a autorização para concretizar a compra da Time Warner por 84,5 mil milhões de dólares, com o objectivo de criar uma nova dimensão de negócio e tornar-se num dos maiores gigantes mundiais de mídia, com um valor projectado de 280 mil milhões de dólares, o que representará cerca de 45% do mercado. Esta junção de mercados não é novidade, uma vez que outras empresas de telecomunicações detêm marcas de mídia, como a Comcast (que agora pretende comprar a 21 Century Fox) ou NBCUniversal. Na realidade, o grande objectivo estratégico da AT&T consiste em poder concorrer de forma agressiva com a Google ou Netflix.
Sempre à procura de novos mercados, sobretudo com elevado grau de complementaridade e sinergia, as grandes empresas tenderão a tornar-se cada vez maiores e mais capazes de controlar toda a cadeia de valor.
Mas sempre com o olhar atento da Amazon, entre outros, que lidera o mercado de retalho mundial, avaliado em 24 biliões de dólares, isto é, 16 vezes maior que o mercado das telecomunicações. De facto, a Inteligência Artificial tem uma palavra a dizer sobre o mercado das Telecomunicações do futuro. O Alexa da Amazon, o Watson da IBM, o Google Assistant e o Siri da Apple estão aí! E um dia o mundo será de poucos!