São muitas as áreas de negócio onde vemos processos de aquisição e fusão acontecerem com cada vez mais frequência: com grande impacto ao nível global, verificamos isso na indústria automóvel, telecomunicações ou companhias aéreas, por exemplo. Mas o que está a ocorrer no retalho alimentar é uma revolução sem igual. A partir do momento em que a Amazon comprou a Whole Foods por 13 mil milhões de dólares, estamos perante uma realidade que vai ter forçosamente de reagir para sobreviver, tornar-se competitiva e sustentável.
É precisamente isso que está a ocorrer com a fusão entre a Asda e a Sainsbury, a segunda e terceira maior cadeia de retalho alimentar do Reino Unido. E para se perceber a lógica global do sector, basta referir que o maior accionista da Sainsbury é a Qatar Investment Authority, ao passo que no caso da Asda, é a norte-americana Walmart, que vale actualmente 263 mil milhões de dólares e é líder de mercado mundial.
A concretização desta fusão por 12 mil milhões de libras tornará a Asda/Sainsbury no líder de mercado britânico com cerca de 31% de quota de mercado e uma rede de 2.800 lojas, destronando a Tesco, que detém actualmente cerca de 26% mercado. O seu impacto em vendas gerará um valor anual acumulado de cerca de 60 mil milhões de euros.
Segundo os principais protagonistas desta operação, o resultado esperado passa por criar uma cadeia mais dinâmica, mais flexível e mais resiliente, capaz de oferecer melhores preços e melhorar o sortido. No entanto, não é essa a expectativa do mercado, que teme uma subida de preços, redução de muitos dos actuais 342 mil postos de trabalho, para além de uma maior pressão e selecção de fornecedores, em particular os mais pequenos, com vista à libertação de maiores margens.
Em termos de gestão de marca, a intenção é manter ambas as insígnias e competir em diferentes mercados relevantes: a Asda competirá no mercado de discount com a Aldi e Lidl, enquanto a Sainsbury compete no mercado value for money com a Waitrose, Marks & Spencer e Tesco. E não esqueçamos que todas competem com a Amazon.
Seguramente que outros reagirão: do lado offlinee do lado online. Provavelmente será um dos sectores que conhecerá transformações mais radicais no seu modelo de negócio e que mais contribuirá para criar valor para os seus clientes.
E cada dos grandes players mundiais quer ganhar o mercado que não tem. A Amazon (que vale 733 mil milhões de dólares), quer crescer através de lojas físicas, enquanto a Walmart quer crescer através do negócio online. Foi precisamente essa a razão pela qual adquiriu a Jet.com (plataforma online) por 3.3 mil milhões de dólares, em 2016.
Nada ficará como antes! Vingará quem melhor percorrer esse caminho criando valor para os clientes, na qualidade da sua oferta, comodidade, mas sobretudo, se ganhar a sua confiança,
Ou como diria António Variações: só estou bem onde não estou; só quero ir onde não vou.