Num mundo digital onde a informação gira a uma velocidade estonteante e no qual qualquer momento impactante deixa de o ser num curto espaço de tempo, exige-se cada vez mais que a comunicação seja genuína e simples, o que na maioria dos casos parece ainda ser um problema difícil de resolver.
Desde a Revolução Industrial o paradigma do sucesso foi sempre o dinheiro e a dimensão da riqueza. Mas hoje a revolução digital transpõe para primeiro plano, o tempo disponível.
Estamos sempre ocupados, mesmo quando nada temos para fazer, porque a tecnologia é o único companheiro inseparável que está sempre disponível onde quer que estejamos. Mudou o tempo e a forma de trabalhar, de conviver, de partilhar, de ler, ouvir, de comunicar ou vender.
Deixámos de ler folhetos ou informação comercial detalhada, porque somos mais intuitivos e menos analíticos. Hoje, o motor de busca mais procurado pelos jovens passou a ser o Youtube (imagem e som marcam a diferença face a um rol de conteúdos muitas vezes maçudos e complexos). O tempo é a variável deste novo jogo e isto obriga as marcas a produzir conteúdos que sejam tão diferenciadores e dinâmicos que suscitem imediato interesse, ou não voltarão a existir.
Mas quem produz os conteúdos de marketing? Normalmente é uma tarefa exclusiva do departamento de marketing, uma vez se criou o mito que que só este consegue gerar conteúdos de qualidade e simultaneamente criativos. Não só é falso, como esta prática pode hipotecar uma estratégia de comunicação forte, coerente e geradora de histórias e motivos de interesse. Há um erro ainda maior, quando a própria empresa prescinde de criar ou gerir conteúdos, alocando esse trabalho exclusivamente a uma agência de marketing digital.
Talvez seja por isto que, segundo um estudo recente, cerca de 75% dos responsáveis de marketing ainda não acreditam que a sua marca esteja a proporcionar conteúdos interessantes e impactantes, sobretudo nos mercados B2B. O mesmo estudo revela que 63% dos consumidores avaliam de forma mais positiva o testemunho de “uma pessoa como nós” do que o do CEO.
Este facto está a gerar uma tendência mais positiva e possivelmente a encontrar uma solução: envolver outros departamentos da empresa na produção de conteúdos, histórias pessoais e grupais, experiências, factos, momentos marcantes, etc… No fundo, tudo aquilo que seja genuíno e simples, mas que transmita a vida da marca ou da empresa, com assinatura própria.
Está criada a necessidade da humanização e personalização da mensagem, que muitas marcas já têm interiorizado no seu eixo de comunicação. É fundamental estabelecer relações de confiança com todos aqueles que tomam contacto com a nossa comunicação, sejam eles parceiros, colaboradores, fornecedores, jornalistas ou clientes. Afinal, é também assim o processo de venda, onde a interacção com os outros se baseia numa relação de confiança e credibilidade.
O Content Marketing é crítico para a geração dessa confiança, para a projecção da proposta de valor, da promessa, para gerar leads e fortalecer relações comerciais. Mas para que possa produzir os resultados esperados é forçoso que seja um processo bem gerido, com a participação das várias áreas da empresa e que mostre (não basta contar) como a sua marca, o seu produto ou serviço pode acrescentar valor na vida de quem os compra.
Os colaboradores das empresas são os principais embaixadores da marca, independentemente da função que exercem e carregam consigo conteúdos genuínos que podem capitalizar em muito a credibilidade e criatividade da mensagem. As suas redes de amigos são uma extensão da rede da marca.
Há dois activos que deveriam unir todo e qualquer departamento da empresa na projecção da sua imagem externa: a marca, que é o seu denominador comum; e os clientes, que são a razão das empresas existirem. O conteúdo une-os!
Livro recomendado
Contágio de Jonah Berger