A entrada da Amazon em qualquer actividade suscita sempre curiosidade pelo impacto que isso possa ter no futuro do sector. E quando a Google acompanha o raciocínio, ainda mais. É isso que ocorre no sector da saúde e que vai contribuindo para a formação de um novo tipo de médico: o Doctor Me!
Uma parceria da Amazon com a Berkshire Hethaway e JP Morgan, com a finalidade de criar melhores e mais baratos sistemas de saúde para os seus colaboradores, levanta-nos uma reflexão sobre o que de verdadeiramente importante está a transformar o modelo de negócio do sector da saúde. O resultado em estudo de mercado realizados nos EUA e Canadá têm revelado um aumento do índice de satisfação e felicidade junto dos pacientes, com menores custos.
A internet faculta-nos a marcação de consultas online quando e onde quisermos. Os smartphones já nos ajudam a monitorizar a saúde através do recurso a aplicações que permitem analisar o sangue, compreender o mapa do genoma humano ou identificar bactérias. Além disso, a quantidade de informação vai aumentando, na medida em que podemos adicionar relatórios médicos e partilhá-los com quem tenhamos confiança.
É neste conjunto de situações que as grandes empresas de base tecnológica compreendem haver muito espaço para gerir ineficiências e promover uma cultura de conhecimento individual sobre o respectivo estado de saúde. São aplicações que permitem diagnosticar cancros de pele, arritmias, controlo da diabetes, consumo de calorias ou detectar sintomas da doença de Parkinson.
A Apple, por exemplo, também já se preparou para processar informação médica, uma vez que o seu modelo mais recente de smartphone inclui a App Health Record . Também a Alphabet (Google) tem investido fortemente na Inteligência Artificial no que respeita ao sector da saúde. Criou o City Block Health com o intuito de garantir uma total personalização dos cuidados de saúde individuais e o Deep Mind Health numa lógica de optimização da relação entre médico e paciente.
Num futuro não muito distante, a Inteligência Artificial permitirá fazer diagnósticos através da descrição de sintomas, desencadear tratamentos e antecipar potenciais patologias. E isto gera um interesse enorme em múltiplos sectores conexos à área da saúde, como é o caso do mercado segurador, que pode fazer uma gestão muito mais fidedigna da situação real de cada segurado.
Há cerca de 150 empresas que trabalham no desenvolvimento de aplicações que visam o controlo de determinadas terapias, desde esquizofrenia, ansiedade, insónia, stress, depressão ou dores crónicas. No entanto, muitas destas aplicações serão descredibilizadas pelo mercado e outras não serão capazes de oferecer suficiente confiança para perdurarem no tempo. Sobreviverão aquelas que forem capazes de superar as questões da transparência e ética.
A verdade é que os pacientes estão cada vez mais informados, pretendem exercer maior controlo directo sobre o seu estado de saúde e compreendem melhor as suas patologias, bem como a forma de as debelar. Por isso, não causa estranheza estranho que o próprio Facebook se prepara para adicionar o tema da saúde à sua plataforma. Será a forma da Saúde conhecer o Marketing one-to-one.