Assistimos hoje a uma guerra frenética entre 4 gigantes do mercado digital: Apple, Google, Facebook e Amazon. O que era o mercado relevante de cada uma destas empresas na origem, rapidamente se transformou numa rampa de lançamento para operar nos mercados alheios, ou sejam, o dos outros 3.
E é curioso verificar que á excepção da Apple, que conheceu a morte prematura do seu CEO, Steve Jobs, todas as outras empresas são ainda lideradas pelos seus fundadores, dando bem a ideia do forte compromisso estratégico e de empenho no cumprimento da missão de cada uma delas.
A indústria das tecnologias de informação parecia constituir uma história contada a 2 players até ao início do século: IBM e Apple na década de 80, Microsoft e Netscape, na década de 90.
Com 4 modelos de negócio distintos, os 4 gigantes constituem hoje um verdadeiro exemplo de boas práticas empresariais, tornando-se em verdadeiros casos de sucesso de marketing, descontadas as dificuldades inerentes a um crescimento ciclópico do seu volume de negócios.
A Google focalizou-se na busca de informação, o Facebook no relacionamento pessoal, a Amazon na compra fácil e barata de produto online e a Apple na inovação e desenvolvimento de gadgets a preços premium. E apresentam os seguintes resultados:

Até que os mercados e as estratégias se começaram a cruzar: Apple e Google lutam pelo protagonismo no desenvolvimento de sistemas operacionais para smartphones e tablets; ambas as marcas também enfrentam a Amazon no mercado de hardware; Google e Facebook digladiam-se nas redes sociais.
A Apple desenvolveu a tecnologia IOS para tablets e iPhones, concorrendo com a Google que opera com Android, para importantes marcas como HTC ou Samsung, tendo sido a tecnologia escolhida por 75% dos cerca de 200 milhões de utilizadores de smartphones em 2012. A este resultado a Apple reponde com o Siri, que se posiciona como motor de busca pela voz. E enquanto esta guerra dura, abre-se outra frente entre a Apple e Amazon enquanto fornecedores de soluçõesonline, como foi o caso do iTunes, para a música digital. Só que a Amazon diversificou a sua oferta, alargando o portfólio de produtos, que começou com livros e música e se estende a roupa, sapatos, malas, equipamentos de cozinha, etc… Todavia, cerca de 40% dos resultados da Amazon provêm dos media, tanto em suporte físico como digital (ex. a Amazon obteve uma quota em 2012 de 65% dos downloads de livros, contra 5% da Apple). Já no vídeo, quer Amazon quer Apple combatem a Netflix.
Por outro lado, Google e Facebook combatem outras lutas. O Youtube da Google domina o mercado do vídeo online, que funciona numa zona de fronteira com o mercado do iTunes e da Amazon, que criou o Google Play.
Também as famosas “apps” não deixam de constituir um apetite para todas as plataformas digitais. Enquanto a Apple se socorre do iTunes para vender iPods, a Amazon utiliza os seus tablets para vender tudo o resto.
Um dos mais recentes desenvolvimentos desta multiplicidade de mercados, reside no interesse da Google e Apple na compra de direitos e contratos de patentes da Kodak, por 527 milhões de dólares, com vista a explorar e potenciar o mercado da imagem. É um caso curioso de uma aliança entre 2 gigantes que perseguem diferentes objectivos: para a Google significará uma maior protecção de dados com imagem no que se refere à pirataria e para a Apple permitir-lhe-á melhorar significativamente a vertente da imagem no mercado dos smartphones.
À medida que o tempo avança cada uma destas empresas vai tentando explorar novas oportunidades, encontrem-se elas em novos mercados ou nos já explorados pelos outros gigantes.
É comummente aceite que urge a necessidade de se operar num mercado digital mais regulado, mas também é verdade que a velocidade das inovações se sobrepõe com extrema rapidez.
Livro recomendado: The New Digital Age – Eric Schmidt and Jared Cohen
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