O efeito da digitalização na economia, acelerada pela mudança drástica de hábitos e de métodos causada pela pandemia, irá conhecer efeitos a curto prazo nas mais variadas áreas de negócio. Rapidamente olharemos para trás como se tivéssemos transitado de era, uma vez que os efeitos do 5G não conhecerão fronteiras nem setores de atividade que se lhe possam resistir.
Assim será na banca, saúde, retalho, ciência, agricultura, trabalho, ambiente, segurança, transporte, política e vida empresarial em geral.
A forma de trabalhar, de comunicar, gerir projetos, transacionar dinheiro, aceder a informação específica, participar em conferências, gerar e seguir leads e medir o desempenho de gestão, conhecerá a breve trecho um novo figurino, mais ágil, prático, acessível e simples.
Pensemos no desenvolvimento do blockchain e da criptomoeda assim que seja vencida a resistência e a insegurança face ao desconhecido. Estima-se que dentro de muito pouco tempo 10% do PIB mundial decorra debaixo deste contexto. A diminuição do número de intermediários financeiros contribuirá decisivamente para o menor custo do dinheiro, ao mesmo tempo que aumenta a eficácia e rapidez das operações, tornando-o num setor mais inclusivo, que forçará os níveis de resiliência.
Por outro lado, o crescimento exponencial do teletrabalho tem contribuído para que a vida doméstica se misture com a vida profissional. E aqui, a inteligência artificial fará parte integrante da gestão da casa, na arquitetura, no reconhecimento, na interação e na capacidade preditiva. Os hábitos do dia a dia ajudarão a aperfeiçoar o algoritmo caseiro, que nos irá conhecer como poucos, com a mínima intervenção humana.
Na saúde, para além de se esperar uma solução para a pandemia, irá assistir-se à digitalização de processos nas mais diversas áreas: consulta, exames e controlo dos meios de diagnóstico. Há quem antecipe uma vacinação personalizada, por força das reações diversas, que derivam por exemplo das distintas faixas etárias. Um conhecimento cada vez mais profundo da imunidade individual criará soluções próximas da total personalização. Do mesmo modo, que a inteligência artificial se encarregará de prever ou antecipar a doença, em fases cada vez mais precoces.
Nos transportes, tomemos como exemplo uma empresa que vende pneus. Em breve perceberá que compete por um mercado que percorre quilómetros, onde os drones vão ganhar preponderância, sobretudo na entrega de encomendas, vigilância e recolha de informação visual. Cá por baixo, a mobilidade elétrica ganhará definitivamente contornos substanciais e a condução autónoma finalmente conhecerá a luz do dia. Empresas como a DHL ou UPS investirão como nunca na robotização para tornar mais eficazes as suas operações.
A hipercomunicação em que vivemos levará a que paguemos para não sermos impactados pela publicidade, ao mesmo tempo que proliferarão os serviços premium, como é o caso da Spotify, Youtube, Amazon Prime ou Zoom.
A inteligência artificial terá também uma palavra a dizer na dinâmica da sociedade, através da diversidade, da inclusão e da toxicidade das redes sociais, que impactará também na avaliação de desempenho dos recursos humanos das empresas.
Ainda estamos longe de assistir a um algoritmo que decide se um réu é inocente ou culpado ou para que lado virará o automóvel em caso de previsível acidente, mas a curto prazo veremos o prémio do seguro de saúde ser ajustado automaticamente em função dos nossos hábitos alimentares e eventuais comportamento de risco. Do mesmo modo que seremos avisados da proibição de conduzir assim que o algoritmo do seguro detetar estarmos incapazes de o fazer.
Muito se fala de machine learning, em que a máquina aprende com a máquina. Em breve entraremos na fase da aceleração da aceleração. De preferência, sem Covid.