Tudo mudou! No modo de vida, na dinâmica empresarial, na organização do trabalho e na interação com os demais.

Quando se adivinha a saída de um cenário de crise sem paralelo, que afetou todo o contexto económico, social e cultural, o apelo à reflexão é uma necessidade e, simultaneamente, uma obrigação. Mas tal só pode ser feito se soubermos ler o passado recente e nos abstrairmos da presunção de que sabemos o caminho e de que faríamos melhor que os demais. Um dos reais problemas que impede uma rápida retoma a partir do momento atual reside precisamente no facto de que nem sempre se aprende com o diagnóstico ou se reconhece o erro quando ele ocorre.

Assim, a gestão empresarial vive um novo paradigma de competitividade, cada vez mais complexo e dinâmico. A situação anómala criada pelo período pandémico provocou a necessidade de acelerar, em muitos casos, um conjunto de políticas, estratégias e táticas que poderiam estar meio adormecidas, designadamente no que diz respeito aos processos de transformação digital das empresas.

Independentemente de encontrarmos um vasto leque de gestores de excepcional qualidade, é sabido que uma das grandes carências nacionais reside na falta de qualidade de gestão, seja nas empresas, sector público ou organizações sem fins lucrativos: ou pela falta de qualificação de quem decide ou de quem escolhe. Se por vezes não se sabe para onde se vai (falta diagnóstico), noutros casos escolhe-se mal o caminho (falta estratégia) e muitas vezes percorre-se esse caminho da pior maneira (falta táctica).

É nesse sentido que é essencial Criar Valor, que mais não é do que o reconhecimento de quem nos avalia e nunca a forma como nos queremos afirmar. Só projetamos Valor, se assim formos percebidos por parte daqueles que servimos. É assim nas empresas, nas marcas, nas pessoas, nos organismos públicos e nos países. Nesse sentido, parece ser cada vez mais evidente que só uma visão holística do mercado e uma verdadeira orientação para o cliente, poderão gerar valor percebido no curto prazo e valor económico no médio e longo prazo.

Chegámos a um momento em que se coloca a questão “Que caminhos para Retomar Portugal?”, pelo que é essencial cultivar uma postura e atitude concretizadora. Na verdade, ainda é dado demasiado tempo de antena a alguma mediocridade e derrotismo, aos críticos de profissão, ao bota abaixo, enquanto se valoriza uma cultura de show off e do protagonismo exacerbado assente numa frase feita, numa imagem trabalhada, num cargo conquistado com sorte, num contacto oportuno, etc…. Habituámo-nos a ver e ouvir julgar os outros, como se quem julga fosse perfeito. Pelo contrário, dedica-se pouco tempo a valorizar os casos de sucesso, as boas práticas e aqueles que fazem muito bem o seu trabalho. É tempo de virar a página. O brio profissional é uma exigência, independentemente do setor de atividade ou dimensão da empresa: ninguém pode garantir que faz totalmente bem, mas deve assegurar que tudo fará para que tal aconteça. E a mudança urgente é essa!

Em boa verdade, são muitas as áreas de intervenção em que organizações e individualidades portuguesas operam com enorme brilhantismo em alguns nichos de mercado: biotecnologia, energias alternativas, sistemas de informação, moda, transportes, engenharia, ensino, construção, turismo, desporto, etc… São empresas que têm mérito porque cresceram ou porque preservam valores humanos e sociais, mas sobretudo porque têm pessoas que actuam, fazem, criam e fomentam uma cultura de progresso.

Para cada setor de atividade, urge congregar lógicas de ação que juntem empresários, investigadores e demais individualidades que melhor conhecem um tema específico (ao nível cultural, social, económico, empresarial e dentro deste, sectorial, regional, etc..) apresentando ideias de melhoria, com uma vocação racional e técnica para encontrar soluções num figurino similar a um “Conselho de Sábios”. Seria assim para a protecção da floresta, para a criação de nichos de mercado nos vinhos, no turismo, nas energias renováveis, economia do mar, na reestruturação de serviços públicos, política fiscal, etc… O princípio é simples: recolher o “saber” de “quem sabe”, com uma vantagem acrescida: as soluções (a estratégia) encontram-se num piscar de olhos, porque o diagnóstico está feito e as soluções assentam numa lógica de competência.

Há um sentido de urgência que é preciso concretizar para se caminhar na direcção de uma sociedade inteligente, que será cada vez mais digital, quer pela rápida implementação do 5G ou da inteligência artificial.

Num mundo cada vez mais competitivo, menos condescendente com o erro, mais informado e exigente, coloca-se o grande desafio de captar, nos mais diferentes sectores da sociedade, as boas práticas que os podem catapultar para um novo estado de graça, seja ele medido através do crescimento, produtividade, índice de confiança ou de felicidade.

Cada um de nós, na sua profissão, produz qualquer coisa para alguém e serve uma comunidade: clientes, munícipes, alunos, pacientes, utentes, leitores, espectadores, etc…. Se começarmos por interiorizar que nos cabe criar mais valor a quem servimos, encontraremos o foco da missão.

Estar sentado à secretária, à espera que a tempestade passe, ignorando os clientes, é o maior contributo para o suicídio empresarial. Os executivos bem-sucedidos de hoje, executam!

Dar o exemplo não é a melhor forma de influenciar os outros. É a única!

Albert Einstein

in www.valormagazine.pt/retomar-vontade-de-mudar-e-criar-valor

Published On: Dezembro 20, 2021 /