Num momento de particular tristeza pela partida de João Vasconcelos (ex-secretário de Estado da Indústria), um profissional de excelência, na determinação, no compromisso, entrega, visão, inteligência e particular sentido de humor, nunca a frase por ele repetidamente citada “Mais vale feito que perfeito” fez tanto sentido.

Aquele que foi também director executivo da Startup Lisboa, da Associação para a Inovação e Empreendedorismo de Lisboa e teve um contributo inexcedível nas Websummits realizadas na capital, colocava em prática e fazia mover aquilo que ainda falta a uma grande fatia das empresas e demais instituições: propensão para a acção, criação de valor para o cliente, inovação e disrupção.

Na verdade, confrontamo-nos diversas vezes com disgnósticos sem fim, que se repetem sempre que surgem novas equipas de gestão e que redundam quase invariavelmente nas mesmas conclusões. Para depois ser tarde ou pouco exequível a transformação da empresa num caminho estratégico de excelência, quer o problema seja de Transformação Digital, Orientação para o Cliente ou Cultura de Excelência de Serviço.

Os Diagnósticos não são perenes e, em Marketing, a perfeição não existe! Se qualquer coisa se assemelha a esse estado próximo da excelência, muitos outros rapidamente tentarão implementar essas práticas, alargando a oferta, tornando-a mais competitiva e capaz, voltando a elevar a fasquia da qualidade exigida.

Marketing é Acção! É conseguir implementar uma estratégia coerente com o posicionamento pretendido, nunca defraudando a expectativa que foi criada junto do mercado. É concretizar através da visão estratégica o que será o mercado do futuro, criando sonhos e moldando-os à realidade, transformando-os em necessidades concretas e desejáveis.

E um dos factores mais determinantes no sucesso das empresas são as pessoas, a começar por quem as lidera. São aqueles que entendem que a empresa não existe sem clientes; são os que se envolvem, percebendo a qualquer momento a dinâmica da performancedo negócio face aos seus clientes e medindo, com maior ou menor grau de sofisticação, o seu nível de satisfação e fidelização; são aqueles que se concentram na expansão do negócio, numa perspectiva holística e estratégica, ao invés da procura desesperada do aumento do volume de negócios, a qualquer custo. Por último, são aqueles que colocam no terreno práticas diferenciadoras, capazes de serem interpretadas pelo mercado, pois só a inovação constante e a capacidade de a concretizar no terreno constitui o único garante das vantagens competitivas

Ovalor do negócio não aumenta apenas porque se acrescentam novas soluções ou serviços. O enorme desafio que se coloca é o de estreitar o diferencial existente entre a proposta de valor da empresa ou da marca e o valor atribuído pelos clientes.

Não esqueçamos: o papel do gestor ou empreendedor não é o de levar a cabo o lançamento e promoção de um produto ou serviço apenas porque lhe parece excepcional. O mercado consome o que entende consumir. O seu principal papel consiste em discernir o que o mercado quer, de forma a que o possa surpreender e satisfazer de forma distintiva.

Estudando e Fazendo! Mas, sobretudo, fazendo mais e melhor. Porque a perfeição não existe e a falta de acção nos torna cada vez mais imperfeitos. E isso obriga a novo Diagnóstico.

 

in https://executiva.pt/blogues/vale-feito-perfeito

Published On: Março 27, 2019 /